Publicado em 09 de out de 2024

Treinando Inteligência Artificial com Crianças

Nos últimos anos, o desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) passou de uma teoria distante para uma realidade fundamental no dia a dia. De acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial, espera-se que a IA contribua com US$ 15,7 trilhões para a economia global até 2030, tornando-a um dos setores mais influentes da próxima década. À medida que as máquinas aprendem a reconhecer padrões e responder de maneira inteligente, a nova geração de jovens também está sendo treinada para dominar e contribuir nesse processo. Em países como os Estados Unidos, crianças não apenas aprendem a utilizar a IA, mas também a treiná-la, moldando como essas máquinas aprendem e se adaptam a novos desafios.

O exemplo dos EUA e a educação do futuro

Nos Estados Unidos, programas como o AI4K12, uma iniciativa apoiada pela National Science Foundation, têm sido exemplos de como as escolas estão preparando os alunos para o futuro digital. O projeto, lançado em 2018, busca integrar o ensino de conceitos de IA, como aprendizado de máquina, reconhecimento de padrões e ética digital, desde o jardim de infância até o ensino médio. Segundo um relatório da Association for the Advancement of Artificial Intelligence (AAAI), cerca de 60% das escolas nos EUA integram elementos de IA em seus currículos.

O Minecraft Education oferece aulas que unem codificação e princípios da IA para que os alunos construam uma inteligência artificial melhor para todos. – Foto: Reprodução

Um exemplo prático é o uso do Minecraft Education Edition, onde alunos não apenas jogam, mas também programam e treinam agentes de IA para tomar decisões estratégicas no jogo. As crianças ensinam as IAs a otimizar construções, resolver problemas e explorar ambientes dentro do jogo. Essa prática não apenas desenvolve habilidades técnicas, mas também estimula o pensamento crítico e a criatividade. De acordo com a Harvard Graduate School of Education, esses tipos de atividades ajudam as crianças a desenvolverem habilidades de resolução de problemas em 30% mais rápido do que com métodos tradicionais de ensino.

A expansão global dessa abordagem

A abordagem de ensinar IA para crianças não se limita aos EUA. O Reino Unido, por exemplo, também lançou um programa chamado AI in Schools já em 2020, que inclui a IA como parte do currículo escolar. As crianças aprendem sobre algoritmos, ética e como essas máquinas funcionam em um contexto global. Na China, o governo começou a integrar IA nas escolas primárias com o uso de robôs educacionais. O China Education Development Report prevê que o país formará 1 milhão de especialistas em IA nos próximos cinco anos, consolidando sua posição como líder global na área.

Professora Candy Xiong apresenta o robô Keeko para as crianças do Instituto Educacional Multicultural Yiswind, em Beijing. – Foto: AFP

E o Brasil?

Em julho de 2024, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que faria parte do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, investindo R$ 817 milhões em iniciativas educacionais focadas em IA. O plano inclui a criação de cursos de IA, bolsas de pós-graduação e treinamentos técnicos para professores. No entanto, a integração desse tipo de programa ao currículo escolar obrigatório ainda enfrenta desafios. De acordo com a UNESCO, o Brasil está classificado como um dos países com maior potencial de crescimento em educação tecnológica, mas carece de infraestrutura adequada e políticas públicas consistentes para implementar a IA de maneira uniforme nas escolas.

Impacto e o futuro

Segundo um estudo da International Society for Technology in Education (ISTE), crianças que interagem com IA desde cedo desenvolvem habilidades como pensamento crítico, criatividade e resolução de problemas minimizando possíveis crises de emprego do futuro. O impacto dessas interações também pode ser visto no desenvolvimento emocional e social dos jovens, preparando-os para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais automatizado. Essas práticas não só capacitam as crianças, mas também moldam as IAs do futuro, garantindo que as máquinas sejam mais criativas, colaborativas e, acima de tudo, humanas.

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Postado por

Juliana Garcia

Sou jornalista, apaixonada por audiovisual, redes sociais, pessoas e histórias. Mas não só. Gosto da arte, da natureza, da vida. Que de vez em quando nos faz de cactos, ensina a sobreviver em meio às adversidades. E tá tudo bem, porque tudo é questão de perspectiva. Concorda? 

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