Publicado em 22 de maio de 2023

Caso Vini Jr, no jogo contra Valencia

Começo esse texto da única forma possível: indignada. Mais um caso de racismo no futebol, no mundo. O Valencia venceu, ontem (21), por 1 a 0, o Real Madrid em partida marcada por gritos racistas da torcida presente no estádio de Mestella contra o brasileiro Vinicius Júnior, expulso após tentar se defender.

Vinicius Jr. denunciou ofensas racistas na partida do Real Madrid contra o Valencia e precisou ser contido (Aitor Alcalde/Getty Images Europe)
Vinicius Jr. denunciou ofensas racistas na partida do Real Madrid contra o Valencia e acabou expulso (Aitor Alcalde/Getty Images Europe)

Na manhã de hoje, o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, reuniu-se no centro de treinamentos do Real Madrid com o atacante Vinícius Júnior e prometeu ir “até às últimas consequências” em favor do jogador.

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Contudo, a forma como o presidente levou a público sua reunião com Vini Jr foi mais uma resposta midiática do que de fato para mudar o que acontece em La Liga. 

O episódio que ocorreu com Vini, no jogo contra Valencia, não foi o primeiro. Isso mostra a falta de comprometimento do clube, da Liga e, em minha opinião, dos próprios jogadores em defendê-lo. 

Se o presidente se preocupasse com o racismo e não meramente com a imagem do clube teria feito a mesma reunião com Vini Jr e publicado apenas uma foto de cordialidade com o mesmo após a conversa. Mas preferiu a espetacularização. 

A questão é: como o esporte mais amado do mundo permite esse tipo de comportamento? Cadê o movimento político dentro dos clubes? Sim, existe política envolvida e se você não enxerga é apenas ingenuidade. 

Darei dois exemplos de como, em jogo, o movimento contra o racismo pode fazer o espectador pensar e mudar (caralh*). 

Você pode não acompanhar futebol americano, mas já deve ter visto a imagem do quarterback Colin Kaepernick ajoelhado durante o hino estadunidense em protesto contra o racismo no país. 

“Acredite em algo. Mesmo se isso significa sacrificar tudo”, frase usual de Colin em que fica evidente que o esporte é segundo plano quando o assunto é racismo. 

Colin Kaepernick (dir) e Eli Harold ajoelham na hora da execução do hino dos EUA no jogo entre San Francisco 49ers e Chicago Bears na NFL em 2018
Colin Kaepernick (dir) e Eli Harold ajoelham na hora da execução do hino dos EUA no jogo entre San Francisco 49ers e Chicago Bears na NFL em 2018

Para encerrar, um segundo exemplo, em 2020 jogadores do Bucks e Magic não entraram em quadra em protesto por Jacob Blake, baleado com sete tiros pelas costas por policiais brancos. O que a NBA fez? Cancelou a rodada! 

Kevin C. Cox / Reuters

Quando atos assim acontecerão no futebol, nacional ou internacional? Não sei… Ainda bem que estou sentada, aguardando. 

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Postado por

Juliana Garcia

Sou jornalista, apaixonada por audiovisual, redes sociais, pessoas e histórias. Mas não só. Gosto da arte, da natureza, da vida. Que de vez em quando nos faz de cactos, ensina a sobreviver em meio às adversidades. E tá tudo bem, porque tudo é questão de perspectiva. Concorda? 

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