Desde que meu pai se foi fisicamente, no dia 12 de maio de 2021, eu tive que aprender a conversar com ele de outra forma. Converso antes de pegar no sono, durante devaneios e o meu momento preferido: quando escrevo cartas para ele.
Eis aqui a de hoje.
24/08/2022
Tenho pensado bastante em você esses dias, pai.
Tanta coisa está por vir. Queria poder te contar tudo, não que eu não esteja. Mas queria você ao meu lado, para dizer “não é por aqui, pode ser melhor por lá” ou “vai com tudo, não desista, se precisar comer pedra, coma pedra”. Consigo ouvir tua voz me dizendo essas frases.
Pai, pensar em um novo capítulo da vida é me despedir de tanto. Do apartamento em que estive quando te vi partir, da profissional que você fazia questão de aplaudir, da garota que hoje é outra.
Porém, uma coisa é certa, estou em paz com as minhas escolhas. E sei que se essa paz está em meu coração é porque estou bem com o que passou e posso caminhar novamente. Ou melhor, correr. Sim, agora estou treinando para uma maratona. Um dia espero estar em provas de triathlon, como as que você frequentava.
Enfim, queria apenas dizer que sua lembrança é aconchego. Você faz falta e nunca deixará de fazer. Eu te amo, meu véio.
Até breve, Ju.