Um dia nada qualquer…
As primeiras palavras que eu escutei hoje foram “bom dia”. E como isso muda o dia. Eu não escutava faz tempo, estou acordando em um horário totalmente diferente da minha família.
Como de costume encho o tanque do carro às sextas. Saio 4h40 e acelero.
Entrei no posto, dessa vez, simplesmente para abastecer o suficiente. Já estava um pouco atrasada. Com o vidro do carro abaixado às pressas, o mesmo deu de cara com o frentista mascarado.
Mascarado não. Despido. Humano. Eis que “BOM DIA”.
Toda agitada, às 4h45, debruçada sobre a alavanca da tampa de combustível e soltando pelos cotovelos “20 de álcool, por favor”. Escuto aquilo e paro.
Respiro bem fundo, olho para o frentista aliviada.
BOM DIA, moço.
Ajo naturalmente. Mas em mim tenho a sensação de que não escutava há muito tempo um “olá” tão caloroso como aquele. Afinal nem tem como, não vejo ninguém até chegar no trabalho e eu sou a primeira pessoa a dizer e escutar essas palavras.
Quando ouvi esse cumprimento eu sabia que o meu dia seria diferente. Sabia que amanheceria calmo, sereno. Só porque aquele homem, que talvez eu nunca mais veja, teve a paciência, o zelo de me dizer duas palavras.
Voltando um pouco a história. Ao terminar de colocar o combustível, o moço me pergunta: você também está usando essa coisa? Apontando para o pano que protegia seu rosto contra possíveis contaminações. Eu sorri, e disse: claro, exceto para dirigir. É importante moça. Você sabe que eu já peguei e quase morri?
Me entristeci por um minuto e agradeci por sua vida. Trocamos mais uma dúzia de palavras, mas “o dever chama”. O agradeci e mais uma vez ele me desejou um caloroso BOM DIA. Desejei o mesmo e disse “muito obrigada”. Nesse muito obrigada, ele nem imaginava quanta gratidão eu senti.
Até breve, Ju.