Desde muito cedo tenho lembranças da arte em minha vida. Seja nas pinceladas macias durante o maternal, que eu sempre preferi fazer meu corpo como tela à usar qualquer outro papel, até uma das sete artes: dança.
Me recordo que foi mais ou menos na pré-adolescência que eu descobri que eu gostava de passar o dia me fotografando. Chegava do colégio, almoçava, colocava uma roupa bapho (ou pelo menos era o que eu achava), e por mais que não fosse a garota de usar maquiagem aquele era o momento de me divertir, enfim pego o celular e estou dentro do meu próprio editorial de moda.
Se eu correr o feed do meu Instagram, lá para 2015, ainda terei a foto que me marca todos esses momentos. Uma garota com penteado, blusa furtada da irmã, caras e bocas. Essa situação, assim como qualquer forma de expressão por arte, é como um frasco com água e H2O. Isso mesmo! As substâncias são tão iguais que se confundem, são pura harmonia.
Decidi falar hoje especificamente da fotografia. Nunca imaginei que até então a pessoa que não fazia noção da regra dos terços, ISO, diafragma…ou só tinha tido contato com essa “brincadeira” por meio do celular não iria passar um dia sequer sem ver, ouvir, ler algo relacionado.
Porém, calma. O processo foi bem oscilante e quem sabe no futuro também não seja, somos humanos né?! Depois do colégio, perÃodo que eu iniciei meu primeiro blog de moda (Vem Comigo Por Juliana Garcia – nome grande do CARVALHO kkk), o interesse em melhorar meu entendimento sobre foto aumentou.
Eis que no primeiro semestre da faculdade de jornalismo constava na grade curricular algo como: princÃpios básicos da fotografia. Pela primeira vez eu tocaria na amada ou odiada DSLR. Papai, foi amor! A primeira tarefa era treinar o olhar sem sair de casa. Ok, Juliana se tacou no chão, via Mickey na torneira, beleza nos galhos, o mundo fazia sentido como nunca antes. Meu eterno agradecimento ao professor Fernando Pereira!
Daà fiquei um bom tempo sendo reconhecida pela minha sensibilidade nas fotos. Meus ângulos. Até que…
eu,
sei,
lá.
Quando falamos de arte, falamos de nós. Você precisa estar conectado com o ambiente, com a sua respiração, com a sua alegria e dores. Após essa boa fase, fiquei na superficialidade, no parecer ser. Foi quase um ano e meio sem uma foto boa, apenas alguns stories em que sabia regras de fotografia. Isso de nada vale. A fotografia sem expressão…puf.
2018. Me encontrei na dor. Foi forçado. Tive que pegar novamente na câmera mesmo sem querer. Retomei quando comprei com dinheiro guardado mensalmente, apesar de não fotografar mais, minha Canon 80D para fazer meu primeiro documentário que levaria a minha formação: Um Ano Com ELA. Ah, não te contei o porquê da minha dor? Minha famÃlia descobriu que meu pai estava com uma doença degenerativa rara, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), quase a mesma do Stephen Hawking.
O processo não foi fácil. Tanto em saber que meu pai poderia partir entre 3 a 5 anos quanto de tirar da lixeira tudo o que eu fiz questão de deletar sobre foto: o que era abertura, JPG, obturador… Mas sempre fui dura na queda, e olha que essa foi de avião sem paraquedas.
Enfim, me redescobri. Quanto mais tempo passava e hoje passo com a minha câmera, mais tenho momentos de paz. É minha fuga, meu riso. Aproveito para dizer que tem uma pessoa muitoooo importante para eu ter retomado minha visão sobre fotografia. Essa pessoa sabe quem é, né Lela?!
Disse há pouco que não lembrava das especificações da câmera, de edição, é ele quem me ajuda até hoje. Ter alguém que te incentive a manter uma grande paixão é tão importante como manter uma flor regada. Bem, vou seguindo assim. Descobrindo todo dia novas coisas entre minha relação com a fotografia, com a arte e comigo.
Até breve, Ju.