Publicado em 20 de abr de 2018

No fundo do mar brasileiro – Crítica do Musical “A Pequena Sereia”

“Bela, recatada e do lar”. Frases como essa aparecem na primeira versão de musical que a Disney autoriza sem que precise ser uma réplica das produzidas nos EUA. Então, esqueça a versão original de Hans Christian Andersen do filme “A Pequena Sereia”, porque no espetáculo brasileiro muita coisa muda.

Dirigido por Lynne Kurdziel-Formato, que comandou produções da Broadway como “Grease” e “Hair”, a peça parece forçar uma amizade entre as características regionais do Brasil com a verdadeira história da Ariel. E isso só foi possível, na tentativa da Disney em ter um retorno mehor do que teve com o musical original, que estreou na Broadway em 2008, quando foi rebaixado em comparação com “A Bela e a Fera” e “O Rei Leão”. Assim, a empresa decidiu que cada país que apresentasse o show pudesse fazer mudanças que ligassem o público à sereia.

Mas não foi uma saída muito sábia, porque houve alterações nas canções, como na mais famosa “Aqui no mar”, e até mesmo a ausência de um dos personagens, amigo do príncipe Eric. Ou seja, para quem conhece o filme, do início ao fim, pode sofrer um pouco e até mesmo se perder tentando cantar as canções.

Porém não posso dizer que dessa água não beberia. O palco móvel em formato de concha traz uma sensação incrível, principalmente quando os atores entram nela e apresentam um trabalho corporal sensacional para dar a noção de que estão nadando.

Cores e figurino esplêndido do elenco – Foto: João Caldas

Dos destaques de atuação temos a preciosidade da voz de Fabi Bang (Ariel), que reflete os sentimentos da personagem em cada nota que emana. E por mais que a roupa de seu melhor amigo, o Linguado (Lucas Cândido), não fosse das melhores representações, ele tira várias risadas do público apenas por tentar mostrar seu amor à sereia.

Quem também é digno de boas piadas é Elton Towersey (Sabidão), que parece uma criança tentando agregar sentido as novas descobertas do mundo. Para concluir a grande equipe, Tiago Abravanel (Sebastião) e Andrezza Massei (Úrsula) dão o toque perfeito para tornar a peça um grande musical digno do Mickey.

O tempo da peça é maior do que o do filme original, mas as 02h30 acabam passando rápido quando você se atenta a história e aos grandes efeitos de quando o príncipe Eric (Rodrigo Negrini) cai no mar e é salvo por Ariel.

Cena incrível que dá a sensação de estar no oceano – Foto: João Caldas

O show tem sim seus pontos fracos, não bate a reputação de “A Bela e a Fera”, mas a composição das vozes, principalmente de Fabi Bang, e a beleza dos figurinos trava um encantado mergulho no mar da Disney.

 

SERVIÇO

Produção Geral: Stephanie Mayorkis

Temporada: até 29 de julho. Quintas e sextas, às 21h. Sábado, às 16h e 20h. Domingos, às 15h e 19h.

Tel.: (11) 4810-6868

Local: Teatro Santander (Av. Juscelino Kubitschek, 2041 – Itaim Bibi)

Elenco Principal: Fabi Bang (Ariel), Tiago Abravanel (Sebastião), Rodrigo Negrini (príncipe Eric), Andrezza Massei (Úrsula), Lucas Cândido (Linguado), Conrado Helt (rei Tritão), Fábio Yoshihara (Grimsby), Elton Towersey (Sabidão), Lucas de Souza (Limo), Marcelo Vasquez (Lodo) e Arízio Magalhães (Chef Louis).

Duração: 2h 30minutos (intervalo de 15 minutos)

Ingressos: de R$75 – R$280 (inteiro) / de R$37,5 – R$140 (meia-entrada)

 

BeiJUs, Juliana

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Postado por

Juliana Garcia

Sou jornalista, apaixonada por audiovisual, redes sociais, pessoas e histórias. Mas não só. Gosto da arte, da natureza, da vida. Que de vez em quando nos faz de cactos, ensina a sobreviver em meio às adversidades. E tá tudo bem, porque tudo é questão de perspectiva. Concorda? 

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