Publicado em 22 de fev de 2018

Cloverfield Paradox — Crítica

Uma surpresa decepcionante?!

Dez anos atrás, a franquia Cloverfield de J.J Abrams (Lost, Fringe) se iniciava com um terrorzão found-footage sobre um grupo de jovens fugindo de um monstro imenso que arrasava a cidade de Nova York. Aclamado pelos fãs do gênero e também pela incrível campanha de marketing viral feita para promover a história, o terceiro capítulo do “Cloververse”, a antologia que une Cloverfield (2008),10 Cloverfield Lane (2016) e o novo filme Cloverfield Paradox (2018), mais uma vez nos pegou pensando após a última cena: Mas afinal, o que está acontecendo?

Pegando todo mundo de surpresa, e explodindo em comentários no Twitter, durante o comercial do Super Bowl, a Netflix anunciou que o novo filme da franquia estaria sendo disponibilizado pelo serviço de streaming logo após o término do jogo. Um acordo e uma venda milionário da obra entre a Paramount Pictures e a provedora de serviços, garantiu então que finalmente o projeto seria lançado após anos de adiamento, excesso de orçamento, e mudanças no roteiro.

De pré-conhecimento do público há alguns anos, e com o título de God Particle, o longa-metragem situado no futuro próximo de 2028, em uma Terra a beira de uma guerra mundial por conta de uma crise de energia, segue uma equipe de astronautas a bordo da Cloverfield Station, testando um acelerador de partículas que causa uma ruptura entre as dimensões, fazendo o planeta simplesmente desaparecer diante de seus olhos e os colocando em uma verdadeira luta para reverter o acidente.

Foto: Divulgação/Netflix

A excitação dos fãs da franquia, porém, logo foi por água a baixo ao assistirem a desastrosa sequência. Após o aclamado Rua Cloverfield, eleito um dos melhores thrillers de 2016, e o próprio Cloverfield de 2008 que deixou todo mundo com os olhos vidrados enquanto o monstro destruía os prédios de Manhattan e os heróis da trama tentavam fugir de uma cidade em caos, o terceiro capítulo da antologia nem de perto teve o mesmo êxito que os dois primeiros e nem mesmo fez jus ao Cloververse que está inserido.

Prometido por J.J Abrams como um prequel para os dois filmes anteriores e que iria responder o motivo da aparição das aberrações, Cloverfield Paradox atira para todos os lados, criando paralelos em algumas cenas com obras como Alien (1979), em cenas de gore e suspense, e Interstellar (2014) com teorias da física e severas dimensões.

Com 1h42 minutos de duração, o longa se mostra um verdadeiro clichêzão de terror decepcionante e nos deixando mais uma vez cheio de dúvidas. A franquia é conhecida por ser aquela que mais deixa dúvidas do que as responde, embora CP cumpre de fato em responder o motivo da aparição dos monstros do universo maluco criado por J.J.

O terror não funciona como filme independente, e se quiser vê-lo, precisará ter visto os filmes de 2008 e de 2016 para ter uma base de entendimento. Com um roteiro bagunçado, nonsense, fraquinho, e repleto de pontas soltas, o motivo para tantos pontos negativos se deve pela questão de que CP originalmente não seria um filme do universo de Cloverfield. A última cena e algumas outras foram adicionadas após a inserção, da mesma maneira que RC10, que teve o final alterado para se encaixar na franquia.

A diferença é que o novo filme não trouxe absolutamente nada de relevante ou sequer teve um clímax suficiente para prender os olhos do telespectador na tela do computador. A venda para a Netflix com certeza foi a melhor coisa que a Paramount poderia ter feito, já imaginando o fracasso de CP nas telinhas de cinema.

Apesar de tudo, Cloverfield Paradox não é um filme ruim. É insatisfatório e confuso dentro de uma franquia inovadora. Ele apresenta pontos positivos como efeitos especiais, e também boas atuações de Gugu Mbatha-Raw (Black Mirror) e Elizabeth Debicki (Guardiões da Galáxia Vol. 2), além de claro, trazer alguns easter-eggs da franquia de monstros e também o fundamento para a criação do Cloververse. A questão de diversas dimensões pararelas que se chocam no momento em que o acelerador de partículas Shepard entra em ação causando esse acidente dimensional e enviando demônios, monstros, alienígenas para a Terra 1, abre ainda mais o leque de possibilidades para futuros filmes inseridos nesse mundo.

Um quarto filme, intitulado Overlord, que deve estrear ainda esse ano, já estaria em fase de pós-produção, e terá como enredo o desenrolar o ano de 1944, quando dois soldados Aliados, descobrindo que os nazistas estão usando forças sobrenaturais como estratégias de ganhar a Segunda Guerra Mundial. Com a questão do tempo respondida em Cloverfield Paradox, não será difícil de entender se um monstro ou alienígenas surgirem naquele período, já que o choque entre as dimensões interfere tanto no presente, como no passado e também no futuro, assim interligando com todo o acidente causado a bordo da Cloverfield Station. Só nos resta esperar oque a mente criativa, caótica e repletas de ideias de J.J Abrams nos mostrará no futuro da franquia.

Nota Final: 3.0/5

O Paradoxo Cloverfield está disponível na Netflix e traz no elenco Daniel Bruhl, Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo e Elizabeth Debicki.

Até a próxima!

Pedro

 

 

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